Uma avalanche de detritos é uma grande massa em movimento de fragmentos vulcânicos formada pelo colapso de partes de um vulcão. Uma avalanche de detritos é disparada por intrusão de novo magma que desestabiliza o edifício vulcânico, uma explosão freática ou um terremoto. A massa de detritos é gerada em condições subsaturadas em água e move-se como um fluído, podendo atingir velocidades de 100 m/s.
Uma avalanche começa tipicamente com um movimento sobre um plano de deslizamento, mas então começa a desintegrar-se em partículas separadas que movem-se uma contra a outra, com as partículas menores servindo como uma matriz que carrega os fragmentos maiores. A carga de detritos é inteiramente suportada por interações entre as partículas. Água ou gelo pode estar presente dentro e entre os blocos, mas não contribuem para o suporte das partículas ou transporte. A deposição ocorre em massa por congelamento friccional.
Estes fluxos são altamente móveis e podem transpor feições topográficas significantes. A primeira avalanche de detritos vulcânicos visto pelo homem ocorreu com o colapso do setor norte do Monte Santa Helena, E.U.A., no dia 18 de maio de 1980. Como dito anteriormente, avalanches de detritos resultam do colapso de setores de cones vulcânicos íngremes e instáveis estruturalmente. Onde ocorreu o colapso é gerada uma feição com forma de anfiteatro. Morfologicamente, depósitos de avalanche de detritos são caracterizados pela forma de “hummockys” (montículos), com relevos de metros a dezenas de metros, gerados pelo espalhamento de detritos e o transporte intacto de grandes blocos do material fonte.
Os depósitos são comumente lobados em planta, com margens íngremes marcadas por diques marginais (levees), refletindo apreciáveis resistência ao fluxo. Os depósitos de avalanche de detritos são de granulometria grossa, pobremente selecionados e não estratificados. Texturalmente, depósitos de avalanche de detritos são caracterizados pela abundância de clastos, variando de tamanho desde centímetros até dezenas de metros, que são complexamente fraturados com pouco ou nenhum deslocamento a partir das fraturas. Referido como megaclastos ou clastos brechados, blocos detríticos, ou brechação “jigsaw”, este fraturamento é gerado pela dilatação no tempo do colapso ou pela fragmentação durante o deslizamento. Com a posterior dilatação, os clastos podem desintegrar ao longo destas fraturas e gerar domínios no depósito em que os clastos são monolitológicos e separados por uma matriz de mesma composição. Uma abundância de clastos brechados e matriz heterogênea sobre grandes porções de um depósito são os melhores critérios para identificação de depósitos de avalanche de detritos no registro estratigráfico.
Duas fácies distintas são tipicamente presentes em depósitos de avalanche de detritos: fácies de blocos de avalanche de detritos consiste de peças do vulcão fonte, variando em tamanho desde centímetros até centenas de metros de largura, que foram transportadas relativamente intactas, ao passo que, a fácies mista consiste de uma mistura de mais fina granulometria, não selecionada e não estratificada de todos os tipos de rochas vulcânicas presentes no edifício vulcânico.
Avalanches de detritos têm sido reconhecidas somente recentemente como fenômenos vulcânicos. Um dos mais recentes evento histórico de avalanche de detritos ocorreu quando o setor norte do vulcão Sant Helens (EUA) colapsou e formou um grande depósito de avalanche de detritos no dia 18 de maio de 1980. Processos similares foram observados e registrados durante a erupção de 1888 do vulcão Bandai no Japão e na erupção de 1956 do vulcão Bezymianny (região de Kamchatka) na Rússia. Em 1792, uma avalanche de detritos no vulcão Unzen no Japão matou 15.190 pessoas. Antes da erupção do vulcão Sant Helens em 1980, muitos depósitos de avalanche de detritos eram interpretados como depósitos de lahar. Outros eram interpretados erroneamente como depósitos de fluxos piroclásticos, fluxos de lava ou morainas formadas por geleiras, devido as similaridades na textura, estrutura interna ou morfologia superficial. Atualmente, está claro que a formação de avalanches de detritos é um fenômeno comum dentro da história de crescimento de muitos vulcões compostos.
Bibliografia utilizada na confecção desse texto:
Glicken, H. 1991. Sedimentary Architecture of Large Volcanic-Debris Avalanches. In: Sedimentation in Volcanic Settings, Fisher, R.V. & Smith, G.A. (Ed.), SEPM Special Publication, n° 45, p. 99 – 106.
Ui, T.; Takarada, S.; Yoshimoto, M. 2000. Debris Avalanches. In: Encyclopedia of Volcanoes, Sigurdsson, H. (Ed.), p. 617 – 626.