Erupções de Dezembro de 2019

White Island, Nova Zelândia

Em 3 de dezembro, a GeoNet emitiu um boletim informando que a agitação vulcânica moderada continuava em Whakaari/White Island, com substanciais explosões de gás, vapor e lama observadas no conduto localizado na parte traseira do lago da cratera. Outros parâmetros de monitoramento (emissões de gases e atividade sísmica) permaneceram elevados e o nível de alerta vulcânico foi mantido no nível 2 e o Código de Cores da Aviação permaneceu em amarelo. Algumas explosões arremessaram lama e detritos vulcânicos a 20-30 metros de altura sobre o conduto.

O GeoNet enfatizou, entretanto, que no geral, os parâmetros monitorados estavam na faixa esperada para distúrbios vulcânicos moderados e existiam riscos associados. As observações de monitoramento apresentavam algumas semelhanças com as observadas no período 2011-2016, quando o vulcão White Island foi mais ativo e ocorreu uma atividade vulcânica mais forte. Observações e dados até o momento sugerem que o vulcão pode estar entrando em um período em que a atividade eruptiva é mais provável do que o normal.

Ainda segundo o boletim do GeoNet, naquele momento (3 de dezembro) o nível de atividade se mantinha variável e permanecia dentro do esperado. Para o GeoNet, enquanto a atividade estivesse contida no lado oposto do lago, o nível de atividade daquele momento não representava um risco direto para os visitantes. Vamos ver adiante que esta interpretação será fatal.

Infelizmente, alguns dias depois, às 14h11min do dia 9 de dezembro, uma erupção mortal e de curta duração (1-2 minutos) ocorreu no vulcão White Island. O evento eruptivo levou o GeoNet a aumentar o Nível de Alerta para 4 e o Código de Cores da Aviação para Laranja. A erupção foi originada no assoalho da cratera e gerou uma nuvem de cinzas que atingiu 3,7 km (12.000 pés) acima do conduto. Queda de cinzas ficou confinada à ilha e cobriu o chão da cratera com base nas visualizações da webcam. A atividade diminuiu após o evento e, em poucas horas, o Nível de Alerta foi reduzido para 3. Uma zona de exclusão de pouco menos de 10 km ao redor da ilha foi instalada para todos os navios (não policiais).

A Polícia da Nova Zelândia declarou que um grupo de turistas composto por 47 pessoas estava na ilha no momento da erupção. A maioria das pessoas do grupo ficou gravemente ferida e foi levada para hospitais da região; seis dos turistas foram confirmados mortos. Em 10 de dezembro, a polícia concluiu que provavelmente não havia sobreviventes adicionais após vários voos de reconhecimento realizados após a erupção; nove pessoas continuavam desaparecidas e presumia-se que seus corpos estejam na ilha.

Em 10 de dezembro, o GeoNet informou que, embora a atividade sísmica tenha diminuído para níveis baixos após a erupção, emissão de vapor localizada e formação de jatos de lama continuaram a ocorrer a partir dos condutos ativos. Tremores sísmicos aumentaram significativamente a partir das 04h00min de 11 de dezembro. Os resultados de um sobrevoo para coletar dados de emissão de gás, juntamente com outros dados de monitoramento coletados ao longo do tempo, sugeriram que uma fonte rasa de magma estava conduzindo a atividade de tremores, emissões de gases e jatos.

O GeoNet informou que a erupção mortal de 9 de dezembro modificou a área ativa da cratera do vulcão White Island. A bacia que anteriormente continha um lago de água quente e ácida foi preenchida principalmente por detritos com numerosos poças de água isoladas após o evento. Durante sobrevoos, os observadores identificaram três condutos principais em uma área de 100 metros quadrados. Os tremores vulcânicos aumentaram significativamente por volta das 04h00min de 11 de dezembro e foram acompanhados por emissão intensa de vapor e jatos de lama na área do conduto ativo. No início da noite, os tremores estavam no nível mais elevado registrado desde a erupção de 2016. Em 12 de dezembro, o Nível de Alerta foi reduzido para 2 (já que não ocorreram mais erupções desde 9 de dezembro), embora o Código de Cores da Aviação permanecesse em Laranja. Mais tarde naquele dia, os níveis de tremores diminuíram, mas permaneceram muito altos em comparação aos níveis normais. Explosões energéticas de vapor e lama continuaram a partir da área do conduto ativo. As emissões de gás aumentaram em comparação com as medições de 10 de dezembro. Os níveis de tremores continuaram a diminuir entre 12 e 13 de dezembro e depois caíram significativamente mais tarde, em 13 de dezembro. Durante um sobrevoo em 13 de dezembro, os observadores observaram jatos de gás em pequena escala e rajadas de vapor nas saídas dos condutos ativos. O alto fluxo de calor foi confirmado por um brilho que emanou da área do conduto ativo nas imagens da webcam durante a noite, de 12 a 15 de dezembro; gás vulcânico de alta temperatura (mais de 200 graus Celsius) foi emitido a uma alta  taxa  quando observado durante um sobrevoo em 15 de dezembro. A GeoNet observou que os dados de várias medições sugeriam uma fonte de magma não muito longe da superfície, possivelmente tão rasa quanto dezenas de metros de profundidade. Segundo a polícia da Nova Zelândia, o número de mortos na erupção de 9 de dezembro foi de 15, com duas pessoas ainda desaparecidas.

A GeoNet informou que entre 18 e 23 de dezembro o nível de tremor vulcânico em White Island permaneceu baixo e as plumas de gás e vapor foram fortemente emitidas a partir de um novo conduto. As emissões de temperatura mais elevadas foram superiores a 650 graus Celsius, medidas durante um sobrevoo em 19 de dezembro. Os vulcanólogos também mediram cerca de 1.300 toneladas/dia de dióxido de enxofre, um pouco abaixo das medições de 12 de dezembro de 1.730 toneladas/dia. Uma pequena parte da encosta sudoeste do deslizamento de terra de 1914 (dentro da borda da cratera e em frente à antiga área de observação) colapsou para dentro do lago da cratera e na área do conduto ativo, deixando uma escarpa de 12 m de altura. A área estava instável antes da erupção de 9 de dezembro. Segundo a polícia da Nova Zelândia, o número de mortos pela erupção de 9 de dezembro chegou a 17, sendo a busca  suspensa em 24 de dezembro.

Fonte: Smithsonian/USGS Weekly Volcanic Activity Report, GeoNet


Sangay, Equador

O Instituto Geofísico-Escuela Politécnica Nacional (IG) informou que a erupção no vulcão Sangay, que começou em 7 de maio, continuava em 4 de dezembro, sem um aumento ou diminuição notável nos níveis de atividade. A atividade foi concentrada em dois centros eruptivos: a Cratera Central e a cúpula de Ñuñurcu (localizada a 190 m a ESS da Cratera Central). Explosões esporádicas na Cratera Central produziram nuvens de cinzas que atingiram 2 km acima da borda da cratera e se dispersaram principalmente na direção NE durante o mês de novembro. Foi registrado pequena queda de cinzas em algumas cidades próximas. O derrame quase contínuo de lava da cúpula de Ñuñurcu alimentou fluxos que se deslocaram pelo flanco SE.

Os colapsos ao longo das margens dos fluxos de lava geraram pequenos fluxos piroclásticos e pequenas quedas de rochas que atingiram o canal superior do Rio Volcán. Esses depósitos criaram barragens que foram remobilizadas pelas chuvas em lahars, que por sua vez parcialmente represaram partes do rio na confluência do rio Upano. Os funcionários do Parque Nacional Sangay e IG-EPN mediram depósitos na confluência com mais de 2 m de espessura em 27 de novembro; depósitos semelhantes foram observados ao longo de um trecho a montante de 16 km. Emissões de dióxido de enxofre de até 640 toneladas / dia foram detectadas por satélite nas últimas semanas, e um forte odor de enxofre foi observado cerca de 1 km acima da borda da cratera durante um sobrevoo em 3 de dezembro.

Fonte: Smithsonian/USGS Weekly Volcanic Activity Report


Fuego, Guatemala

O Instituto Nacional de Sismologia, Vulcanologia, Meteorologia, e Hidrologia (INSIVUMEH) informou que ocorreram 8-18 explosões por hora registradas no vulcão Fuego entre os dias 18 e 24 de dezembro, gerando plumas de cinzas que atingiram até 1 km acima da borda da cratera e se movimentaram entre 10-205 km nas direções S, SW e W. Queda de cinzas foi relatada em várias áreas a favor do vento. Em alguns momentos, as explosões produziram ondas de choque que sacudiram casas em comunidades próximas. O material incandescente foi ejetado de 100 a 300 m de altura e provocou a formação de avalanches de material que ocasionalmente percorreram longas distâncias (atingindo áreas vegetadas) em diversas drenagens nos flancos da montanha. O material incandescente percorreu cerca de 300 m pela drenagem Seca entre 23 e 24 de dezembro.

Fonte: Smithsonian/USGS Weekly Volcanic Activity Report


Anak Krakatau, Indonésia

O Pusat Vulkanologi dan Mitigasi Bencana Geologi (PVMBG) relatou que no dia 29 de dezembro uma erupção no vulcão Anak Krakatau registrada pela webcam gerou uma nuvem de cinzas que se elevou 200 m acima do conduto e foi dispersa na direção norte. Imagens de satélite do vulcão adquirido pelo Planet Labs em 30 de dezembro sugeriram que o lago da cratera quase desapareceu, sendo substituído por depósitos de tefra e um cone em crescimento. O PVMBG observou que entre 30 e 31 de dezembro a sismicidade aumentou, um pequeno intumescimento do edifício vulcânico foi registrado e as plumas de erupção atingiram até 2 km acima do cume (cerca de 160 m acima do nível do mar). Uma erupção as 06h51min do dia 31 de dezembro, produziu uma densa nuvem de cinzas, de coloração cinza a preto, que ascendeu cerca de 1 km acima do conduto e foi dispersa na direção sul. O Nível de Alerta permaneceu em 2 (em uma escala de 1-4), e o público foi avisado permanecer fora da zona de risco de 2 km da cratera.

Fonte: Smithsonian/USGS Weekly Volcanic Activity Report


Nishinoshima, Japão

Uma anomalia térmica foi identificada em imagens de satélite na área do vulcão Nishinoshima em 5 de dezembro, levando o Japan Meteorological Agency (JMA) a expandir a zona de exclusão marinha em torno da ilha para 1,5 km. A Guarda Costeira do Japão (JCG) realizou um sobrevoo no dia seguinte e observou explosões estombolianas ejetando blocos de até 200 m acima de uma cratera no lado E do cone piroclástico central. Os fluxos de lava haviam percorrido 200 m da costa. Plumas de erupção cinza claro foram dispersas na direção leste. Durante um sobrevoo em 7 de dezembro, os observadores confirmaram a atividade explosiva estromboliana contínua e observaram também lava entrando no mar.

O Japan Coast Guard (JCG) informou que, durante um sobrevoo no vulcão Nishinoshima, em 15 de dezembro, pesquisadores observaram explosões a cada segundo ou vários segundos na cratera principal do cone piroclástico. Os blocos foram ejetados até 300 m acima da borda da cratera; blocos vermelhos e quentes estavam espalhados na base do cone. Plumas de coloração acinzentadas erguiam-se da cratera e a lava continuou a fluir na direção leste para o mar. Uma nova cratera abriu no flanco N do cone e extrudiu lava que fluiu NW para o mar. O JMA expandiu a zona de exclusão marinha em torno da ilha para 2,5 km no dia seguinte.

Fonte: Smithsonian/USGS Weekly Volcanic Activity Report


Asosan, Kyushu, Japão

A Japan Meteorological Agency (JMA) informou que uma erupção no vulcão Asosan começou em 7 de outubro, continuando até 16 de dezembro. As plumas de cinzas chegaram a 1 km e provocaram queda de cinzas em áreas a favor do vento. A taxa de emissão de dióxido de enxofre foi de 3.000 a 3.300 toneladas por dia nos dias 11 e 16 de setembro. O Nível de Alerta permaneceu em 2 (em uma escala de 5 níveis).

Fonte: Smithsonian/USGS Weekly Volcanic Activity Report


Semisopochnoi, Arquipélago das Aleutas

Um forte tremor em Semisopochnoi foi registrado pelas redes locais e regionais sísmicas a partir da 00h26min no dia 7 de dezembro, anunciando o início de uma erupção e levando o US Geological Survey Alaska Volcano Observatory (AVO) a elevar o Código de Cores da Aviação para Laranja. O patamar de nuvens meteorológicas sobre o vulcão estava em torno de 3 km acima do nível do mar e não foram observados sinais de cinzas acima desta altitude. Foi detectado um período de explosões intermitentes e, posteriormente, a sismicidade permaneceu elevada pelo menos até 21 de dezembro.

Fonte: Smithsonian/USGS Weekly Volcanic Activity Report


Shishaldin, Unimak Island, Arquipélago das Aleutas

O US Geological Survey Alaska Volcano Observatory (AVO) informou que os níveis sísmicos em Shishaldin foram variáveis, mas elevados, entre 26 de novembro e 3 de dezembro. As nuvens meteorológicas às vezes obscureceram as visualizações de imagens de satélite e impediram principalmente as visualizações da webcam, embora temperaturas elevadas da superfície ainda fossem visíveis em várias imagens de satélite. Um fluxo de lava ativo de 1,5 km de comprimento no flanco noroeste foi visível em imagens de satélite em 1º de dezembro. O tremor contínuo fez a transição para explosões episódicas durante a manhã de 2 de dezembro, mas em 3 de dezembro uma diminuição na atividade sísmica e nas temperaturas da superfície sugeriu outra pausa no derrame de lava.

Temperaturas de superfície elevadas no vulcão Shishaldin foram identificadas em imagens de satélite durante os dias 3 e 4 de dezembro, consistentes com o derrame de lava, e um piloto confirmou fluxos de lava ativos no flanco da montanha. Tremor contínuo foi registrado pela rede sísmica durante os dias 4-5 de dezembro. A sismicidade, incluindo os sinais de explosões do tipo estrombolianas, continuou a aumentar até as 21h00min de 5 de dezembro e, posteriormente, foi caracterizada por explosões episódicas de tremores e explosões ocasionais do tipo estrombolianas. Emissões intermitentes, muito pequenas e de baixo nível de cinzas ou vapor, perto do cume e ao longo do flanco N, foram visíveis em vistas nítidas da webcam em 5 de dezembro. Um novo fluxo de lava percorreu 1,4 km no flanco noroeste. A erupção diminuiu ou pausou entre 6 e 7 de dezembro, como evidenciado pela sismicidade reduzida e temperaturas superficiais ligeiramente elevadas nos dados de satélite. As temperaturas aumentaram novamente e foram levemente elevadas entre 7 e 9 de dezembro, provavelmente significando renovado derrame de lava.

A sismicidade permaneceu elevada entre 10 e 11 de dezembro; tremor de baixo nível foi detectado junto com três pequenas explosões. Temperaturas superficiais elevadas foram identificadas nas imagens de satélite e uma nuvem de vapor que descia do cume era visível nas imagens da webcam. Uma explosão de curta duração começou às 07h10min de 12 de dezembro e durou cerca de três minutos, coincidindo com um período de três minutos de tremor elevado. O evento gerou uma nuvem de cinzas que alcançou altitudes de 6,1-7,6 km (20.000-25.000 pés) acima do nível do mar, se movimentou a quase 85 km/hora na direção WNW, se dissipando algumas horas depois. Três raios foram detectados dentro da coluna de cinzas entre 07h15min e 07h17min. A explosão pode ter colapsado o cone de respingos (spatter cone) do cume. Temperaturas de superfície altamente elevadas foram visíveis nas imagens de satélite entre 12 e 13 de dezembro, e a webcam mostrou incandescência noturna e uma coluna de vapor robusta emanando do cume. A sismicidade permaneceu em alto nível até 16 de dezembro e as temperaturas superficiais elevadas continuaram sendo detectadas. Um fluxo de lava foi relatado por um piloto em 16 de dezembro; no dia seguinte, imagens de satélite mostraram um fluxo de 2 km de comprimento no flanco noroeste.

Segundo o AVO, a erupção continuou entre 18 e 24 de dezembro. Temperaturas superficiais elevadas foram identificadas nas imagens de satélite, embora as nuvens impedissem às vezes a visualização. A sismicidade permaneceu elevada e foi caracterizada por tremor contínuo e explosões fracas periódicas. Imagens de satélite indicaram que o cone ativo do cume cresceu após o colapso da semana anterior.

A sismicidade foi elevada com fracas explosões registradas pela rede sísmica entre 26 e 27 de dezembro. A sismicidade diminuiu para níveis relativamente baixos em 27 de dezembro e permaneceu baixa até 31 de dezembro. Periodicamente, temperaturas de superfície fortemente elevadas foram identificadas em imagens de satélite, indicando efusão contínua de lava; as imagens adquiridas entre 25 e 26 de dezembro confirmaram um fluxo de lava de 1,5 km no flanco noroeste e depósitos de tefra nos flancos superiores. O código de cores da aviação permaneceu em Laranja.

Fonte: Smithsonian/USGS Weekly Volcanic Activity Report


Bezymianny, Kamchatka, Rússia

A atividade no vulcão Bezymianny começou a aumentar no início de dezembro, caracterizada por incandescência noturna na cratera, fortes emissões fumarólicas, fluxo de lava e aumento gradual da temperatura de uma anomalia térmica detectada por satélite. O Kamchatkan Volcanic Eruption Response Team (KVERT) aumentou o Código de Cores da Aviação para Laranja (o segundo nível mais alto em uma escala de quatro cores) em 13 de dezembro.

A atividade permaneceu elevada entre 13 e 20 de dezembro; incandescência noturna na cratera, fortes emissões fumarólicas e um fluxo de lava no flanco oeste do domo de lava foram visíveis. A temperatura de uma anomalia térmica continuara a aumentar. O Código de Cores da Aviação permaneceu em laranja (o segundo nível mais alto em uma escala de quatro cores).

Fonte: Smithsonian/USGS Weekly Volcanic Activity Report


 

 

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